OS
ELEMENTOS
A filosofia dos
Elementos é, obviamente, um construto humano. É uma maneira com a qual nós,
humanos, temos tentado descrever o funcionamento do universo. Contudo, mesmo
sendo um construto humano, isso não altera o fato de que ele descreve algo
real. Para mim, é uma descrição que funciona bem. Ela me dá uma ferramenta que
me possibilita trabalhar com as forças reais que ela tenta descrever. Claro, é
imperfeita e não coincide exatamente com a realidade das coisas, mas, de
qualquer modo, uma coincidência exata seria impossível.
As forças subjacentes
aos Elementos existem mesmo se não tentarmos descrevê-las e mesmo se os humanos
estão presentes para percebê-las.
Há duas coisas muito
importantes para se ter em mente quando se trabalha com os Elementos. A
primeira é que os Elementos não são os mesmos fenômenos físicos cujos nomes
eles compartilham. Por exemplo, o Elemento Fogo não é o mesmo que o fenômeno
físico do fogo. Os nomes dos elementos se derivam da “lei” de analogia. Isso
significa que o Elemento Fogo possui muitas das características do fogo
material, tais como expansão, calor, brilho e a habilidade de transformar o que
toca.
Frequentemente o
estudante cai na armadilha de esquematizar uma relação próxima demais entre os
Elementos e seus fenômenos físicos análogos. Isso tende a obscurecer o
significado mais profundo dos Elementos e deveria, portanto, ser evitado.
A segunda coisa
importante no que diz respeito aos elementos é o fato de que, no nosso reino
material, os Elementos nunca agem sozinhos. Todas as coisas materiais são uma
combinação dos Elementos. Por exemplo, o fenômeno material do fogo não é
composto somente do Elemento Fogo. Ao invés disso, ele é composto de todos os
quatro Elementos trabalhando juntos (mais o quinto – Akasha). Uma coisa
material pode exibir uma predominância de um Elemento sobre os outros, mas
ainda assim ela contém todos os quatro.
Os elementos existem
em seu sentido puro e separado apenas nas distâncias mais rarefeitas dos planos
astral e mental.
OS FLUIDOS
ELÉTRICO E MAGNÉTICO
Bardon não escreve de forma extensa
sobre os Fluidos Elétrico e Magnético na seção de Teoria de CVA. Porém, ele
fala sobre o assunto nos dez Graus e em seus outros livros, especialmente CVQ e
em Perguntas & Respostas. Mas
em nenhum lugar ele clara e exaustivamente define esses termos.
Provavelmente a primeira questão que
surge é: o que ele quer dizer por “Fluido”?. Por Fluido, Bardon indica uma
energia ou essência que manifesta movimento e se comporta de uma maneira
similar à água. Ambos os Fluidos são coisas dinâmicas. CVA ensina o estudante a
como manipular ou manejar esses Fluidos, formar com eles qualquer forma
desejada e impregná-los com qualquer desejo correspondente.
Esses dois Fluidos são a polaridade primitiva
e são efetivos em todos os planos da existência. O Fluido Elétrico é o polo
positivo e expansivo e o Fluido Magnético é o oposto, negativo e contrativo.
Como num ímã material, esses polos não podem ser separados – eles se manifestam
através do contínuo que os une em sua união eterna. Ambas as forças são iguais
e interdependentes, e têm sido descritas em todas as culturas, de um modo ou
outro. No mais elevado nível, esses polos são expressos através das duas faces
d’O Uno.
Os Fluidos são a raiz dos Elementos
Fogo e Água. É por isso que, no curso de CVA, o estudante busca no Elemento
Fogo o Fluido Elétrico e no Elemento Água o Fluido Magnético. É, de fato,
difícil para o estudante diferenciar no início entre os Elementos primários e
os Fluidos. Mas existe uma diferença – ela é só difícil de explicar.
No interior do Elemento Fogo, o Fluido
Elétrico pode ser encontrado na expansividade do Fogo, no calor e na luz. O
Fluido Magnético é encontrado na força de contração, no frio e na escuridão do
Elemento Água. O Fluido Magnético dá forma à força Elétrica e, em todos os
lugares em nosso mundo, eles agem em união. Os Fluidos são
as duas forças primitivas e os Elementos são suas extensões ou modificações.
Pode-se dizer que cada um dos Elementos
possui uma carga eletromagnética específica. O Elemento Fogo é
predominantemente elétrico e a Água, magnética. O Ar representa um equilíbrio
entre os dois Fluidos (o contínuo que conecta esses dois polos) – o
hermafrodita perfeito, capaz de aceitar a influência de qualquer um dos Fluidos.
O quarto polo do magneto quadripolar, o Elemento Terra, representa a ação
combinada dessas três cargas eletromagnéticas.
Isso é frequentemente difícil para o
novato compreender. É necessária uma consideração cuidadosa para se ver como, a
um nível filosófico, a combinação das partes pode, às vezes, resultar em mais
do que a soma de suas partes. Nesse caso, a amplificação do efeito ocorre
porque as partes que se combinam são dinâmicas. Seu dinamismo as torna
interativas e, juntas, elas criam algo novo que não existe ao nível de suas
partes independentes. Dessa forma, o Elemento Terra contém não apenas o
equilíbrio Magnético e Elétrico do Ar, mas também as polaridades “cruas” do
Fogo e da Água. Juntos, eles funcionam de maneira dinâmica, rítmica e cíclica.
É a combinação e a interação dessas três partes dinâmicas que fazem com que as
coisas manifestem solidez em cada um dos três meios ou substâncias (Mental,
Astral e Material).
O trabalho sério com os Fluidos não se
inicia até o oitavo Grau de CVA, portanto há pouca utilidade em se listar
muitas correspondências para os Fluidos aqui. Entre agora e o Grau VIII, você
terá muito tempo para se tornar familiar com os Fluidos por conta própria.
Nesse meio tempo, aqui estão algumas notas retiradas dos próprios comentários
de Bardon como ditados aos seus estudantes diretos no livro Perguntas e
Respostas:
MENTAL
(página 24, questão 19) – “O Fluido Elétrico preenche os pensamentos abstratos
com Fluido Elétrico puro, calor, expansão e dinamismo. O Fluido Magnético os preenche
com puro Fluido Magnético e os atributos opostos. Por exemplo, o Fluido
Elétrico se expressa através de seus atributos em força de vontade, enquanto o
Fluido Magnético se expressa no antipolo da vontade, isto é, na crença
manifestada, um aspecto do poder universal produtivo.”
ASTRAL
(página 47, questão 12) – “A clarividência é uma habilidade Elétrica do corpo
astral; sensitividade e psicometria são habilidades Magnéticas.”
MATERIAL
(página 65, questão 5) – “Se estivermos sob a influência do Fluido Elétrico,
então o Elemento Fogo é mais efetivo em nós. Nesse caso nos sentimos
quentes, ou estamos mais ativos, trabalhamos mais diligentemente, e portanto
estamos internamente saciados com o Elemento Fogo. Através da influência
aumentada do Fluido Magnético, sentimos o frio; quando o Fluido Magnético se
torna saturado dentro de nós, a eliminação aumenta.”
(página 66,
questão 6) – “Na superfície do corpo humano, o Fluido Eletromagnético é efetivo
como uma irradiação de magnetismo vital. O lado direito do corpo é (no caso de
uma pessoa destra) o lado ativo ou Elétrico, enquanto o lado esquerdo do corpo
é passivo ou Magnético. O oposto acontece com as pessoas canhotas.
“O Fluido
Elétrico, através de sua expansão, causa elétrons irradiantes no interior de
cada corpo [i.e., coisa material], que, por outro lado, são atraídos pelo
Fluido Magnético da Terra. [Isso explica a “gravidade”.] O Fluido Elétrico é
localizado no Interior de tudo criado, portanto também no centro da Terra,
enquanto o Fluido Magnético é efetivo na superfície da Terra e em tudo
criado... O Fluido Elétrico produz os ácidos em todos os corpos ou substâncias orgânicos
ou inorgânicos do ponto de vista químico ou alquímico, enquanto o Fluido
Magnético é efetivo de uma maneira alcalina.”
Não é necessário dizer (mas direi
assim mesmo), os Fluidos Elétrico e Magnético não são as mesmas coisas que os
fenômenos materiais de eletricidade e magnetismo. Embora eles sejam
analogamente relacionados, não são o mesmo. Os fenômenos físico da eletricidade
e do magnetismo são cada um primariamente causados por seu Fluido
correspondente, mas eles não são puramente um ou outro Fluido – eles são
compostos dos quatro Elementos com uma predominância polarizada correspondente do
Fogo ou da Água.
É impossível descrever, para mim, a
sensação de acumular e projetar os Fluidos. A única maneira de ter essa
sensação é através da experiência direta, cuja chave é tomar notas cuidadosas,
em sua vida diária, das qualidades que eu descrevi acima e buscar por elas,
especialmente ao trabalhar com os Elementos.
O “OD”
Bardon menciona o “Od” rapidamente, mas
não explica realmente o que ele quer dizer por esse termo. Eu já ouvi várias
definições de Od, mas, do que eu pressuponho pela definição de Bardon, ele se
refere ao caráter do individual ou, em outras palavras, a expressão individual
de sua composição Elemental particular.
O Od é primariamente Elétrico em sua
natureza. Em resumo, é a energia que cada um de nós expressa através de nossos
pensamentos e emoções acumulados. A um nível mental, é a nossa atitude e a
qualidade / quantidade de nossas idéias, vistas por quanto elas influenciam os
outros – em outras palavras, sua emanação. Em termos astrais, o Od é nosso
caráter astral ou composição emocional, de novo em sua fase que emana,
influenciando o que há ao nosso redor. Em relação ao nosso corpo material, o Od
é a vitalidade que trazemos à vida e expressamos através de nossas ações. Dessa
forma, uma pessoa com um forte Od é geralmente extrovertida, sociável e ativa,
e outra com um fraco Od é passiva e tímida.
Esses três aspectos do Od trabalham em
união para produzir o Od completo.
Um lugar onde Bardon fala do Od é no
livrinho Perguntas e Respostas, sob a seção Astral (página 50,
questão 21). Essa questão diz respeito a métodos de cura astrais e dá uma dica
importante sobre o que Bardon quer dizer por Od:
“Retiramos essa energia vital
diretamente do universo e a direcionamos ao corpo astral da pessoa enferma sem
passá-la através do nosso próprio corpo. Através disso, prevenimos o
enfraquecimento de nossa própria vitalidade e ao mesmo tempo evitamos a mistura
de nosso Od (caráter) com o Od da pessoa enferma; do contrário podemos nos
infectar com os atributos negativos do paciente.”
Enquanto Bardon fala aqui só do Od em
relação à cura astral, o mesmo pode ser dito do Od mental na cura mental e ao
Od material durante a cura material.
O MAGNETO
QUADRIPOLAR
Bardon fala do magneto quadripolar em
seus livros mas, ainda, muitos leitores têm dificuldade com o conceito básico,
especialmente aqueles que não são familiares com um diagrama hermético
conhecido como a “Cruz das Forças Equacionadas” (CFE). O diagrama CFE é uma
figura simplificada do magneto quadripolar e ajuda imensamente em sua
compreensão. Por favor, tire um momento para desenhar um para seu próprio
estudo (ou ao menos o visualize com a minha descrição).
Comece desenhando um círculo com mais
ou menos 7,5 cm de diâmetro.
Desenhe uma linha vertical, de uma borda a outra do círculo, através de seu
ponto central. Então desenhe uma linha horizontal correspondente através do
ponto central. Isso deveria originar um círculo enquadrado, isto é, uma cruz
dentro de um círculo.
Agora rotule os polos da cruz.
Escrevendo fora do círculo, coloque “Fogo” na direita, “Água” na esquerda, “Ar”
no topo e “Terra” embaixo. Dentro do círculo escreva o seguinte: em cima da
linha do Fogo coloque “Quente” e, embaixo, ponha “Seco”. Em cima da linha
da Água, ponha “Molhado” e, abaixo, “Frio”. À esquerda da linha do Ar,
coloque “Úmido” e, à direita, ponha “Quente”. À esquerda da linha da Terra,
coloque “Frio”, e, à direita, “Seco”. No centro do círculo, onde suas duas
linhas se cruzam, coloque um grande ponto e o classifique como “Ponto de
Profundidade” ou “Aethyr”.
Se quiser colorir seu CFE, você
precisará de, novamente, dividir seu círculo, dessa vez, em oito partes. Recrie
a cruz interna mas, dessa vez, coloque-a torta, de modo que divida cada uma das
quatro seções exatamente no meio. Como você verá, isso estabelece quadrantes
para cada um dos elementos ao invés de só polos para eles – os quatro polos dos
Elementos encontram a margem do círculo no centro de cada quadrante Elemental.
Colora o quadrante da direita num vermelho brilhante para o Fogo. Colora o
quadrante esquerdo na cor azul-ciano para a Água. O quadrante de cima deveria
ser amarelo claro para o Ar, e o quadrante de baixo deveria ser ou marrom
escuro ou verde-oliva escuro. [Alternativamente, você pode usar as associações
de cores que Bardon lista: vermelho-Fogo; verde-azulado-Água, azul pálido e
claro-Ar; e, marrom escuro, cinza, ou preto para a Terra.]
E agora, para um toque final, você pode
dividir o círculo em duas metades (ao longo da linha vertical Ar-Terra),
aumentando a linha central para o papel inteiro – o Fluido Elétrico na direita
e o Fluido Magnético na esquerda. No lado direito de sua página, você deveria
pintar a área – fora do círculo – de um vermelho brilhante (ligeiramente mais
azul do que a cor que você usou para o Fogo). Similarmente, pinte o lado
esquerdo de sua página (de novo, fora do círculo) com uma rica cor azul (não
tão brilhante ou tão verde como a que você usou para a Água).
Você pode, com o tempo, adicionar
quaisquer correspondências que deseje a esse diagrama. O que ele executa mais admiravelmente
é esclarecer os modos com os quais os Elementos interagem.
A razão principal para Bardon usar a
analogia de um magneto ou ímã foi de enfatizar a interação não apenas dos
Elementos, mas, mais importante, dos Fluidos. Do mesmo modo de um ímã material,
esses dois polos opostos coexistem. Eles se atraem por suas similaridades e se
repelem através de suas diferenças. O mesmo ocorre com o magneto quadripolar
mas numa escala diferente.
O magneto quadripolar é composto de
quarto polos ao invés de dois. Três desses polos (o predominante Elemento Fogo
Elétrico, o predominante Elemento Água Magnético e o igualmente equilibrado Eletromagnetismo
do Elemento Ar) se combinam e sua interação forma o Elemento Terra.
Alguns dizem que o Elemento Terra não é
um Elemento verdadeiro per se, mas é
a interação dos três “verdadeiros” Elementos do Fogo, do Ar e da Água. Isso é
só parcialmente verdade. Ele É a
interação de três Elementos, mas o fato de que esses Elementos são dinâmicos e,
portanto, interagem quando combinados, resulta na criação de um fator
inteiramente novo – a combinação acaba resultando mais do que a soma de suas
partes. É esse produto único da interação do Fogo, da Água e do Ar que chamamos
Terra. Portanto, a Terra se manifesta como um dos polos do magneto quadripolar.
Através dos mesmos princípios do
pensamento filosófico, o magneto quadripolar, do mesmo modo que o magneto comum
bipolar, é mais do que seus polos. É também a interação acumulativa de seus
polos.
No centro do magneto quadripolar se
encontra o “Ponto de Profundidade” do qual Bardon fala em CVA (Grau V) e CVQ. Ele
não é nada mais do que o Akasha ou Aethyr, do qual tudo se ramifica. O universo
hermético é infinito e um dos mistérios transmitidos pelo magneto quadripolar é
que esse ponto central ocorre em cada “onde”, “quando”, “por que”, “o que” e
“quem”, dentro desse infinito.
OS SERES DOS
ELEMENTOS
Num fórum de discussão online, uma
questão recentemente surgiu a respeito de os seres dos Elementos serem
metafóricos e contidos na Psique, ou se são entidades independentes. Essa é uma
questão comum, considerando-se o quão similares aos contos de fadas os escritos
sobre esses seres soam.
A verdade da questão é que os seres dos
Elementos são, em si, entidades independentes da psique humana. As FORMAS deles,
porém, não são independentes da psique humana. Soa confuso?
Os seres dos Elementos existem dentro
do reino astral, e, como tal, eles são vistos como tendo certa forma. A sua
forma é simbólica, como ocorre com qualquer forma astral. Dessa maneira, a
forma pela qual eles são percebidos varia de uma cultura a outra. As culturas
europeias geralmente os veem como salamandras, silfos, ondinas e gnomos, mas,
por exemplo, uma cultura africana aborígine pode percebê-los como tendo uma
forma inteiramente diferente.
Nós, humanos, percebemos os seres
astrais diferentemente, porque cada um de nós processa nossas percepções
através de mentes diferentes. Contudo, isso não invalida a realidade dos
elementais como seres que possuem uma existência separada de nossas mentes
individuais. São apenas as suas FORMAS astrais que pertencem à psique humana,
não a sua existência.
KARMA / CAUSA
E EFEITO
É prudente para o estudante contemplar com
esforço e por muito tempo o tópico de causa e efeito. Essa lei é uma amiga do
mago, sendo o seu funcionamento o que os magos utilizam para moldar a sua
ascensão. Por exemplo, na medida em que você trabalha para melhorar o seu
caráter, você seguirá certas práticas que farão com que suas características
negativas sejam substituídas por outras mais positivas. A causa e efeito são a
razão pela qual a prática leva à perfeição.
Ainda assim, o mago enfrentará
situações nas quais a causa e efeito não podem ser usados em sua vantagem. Um
bom exemplo é o trabalho de cura seja de si mesmo ou de outra pessoa. Existem
algumas enfermidades que possuem uma raiz kármica profunda e o mago pode
descobrir que não existe nada que ele/ela possa fazer para melhorar a condição
de um paciente. Da mesma maneira, existem certos eventos inevitáveis
(obstáculos) que o mago não pode divergir devido ao fato de que estão
profundamente enraizados no karma da pessoa. Raramente é o mago permitido a
interferir no débito kármico de outros.
É necessária certa quantidade de
sabedoria para o mago acuradamente discernir quando ela/ele deveria se abster
de agir. Isso se adquire apenas com a experiência.
PLANOS
MATERIAL, ASTRAL E MENTAL
Esses planos, como a filosofia dos
Elementos, são um construto humano que busca descrever fenômenos universais.
Sua maior deficiência, em minha opinião, é que implica reinos separados e
claramente definidos. A verdade da questão é que, entretanto, o universo é um
todo unificado. Não existe um ponto exato em que o plano material cessa e o
plano astral se inicia. Da mesma maneira, não existe ponto exato onde o reino
astral termina e o reino mental se inicia. Um plano continua no próximo e todos
os três se interpenetram.
Dividimos o universo nessas três partes
simplesmente porque é um modo mais fácil e mais conveniente para se compreender
a sua inteireza. Como todos os construtos desse tipo, é apenas uma ferramenta –
ele nos dá a habilidade prática para manipularmos forças universais.
Uma simples regra de ouro para se
lembrar é que, para que uma coisa material exista, ela deve possuir também
existência a um nível astral e a um nível mental.
O reino astral existe devido à descida do
reino mental em (ou em direção a) o reino material. Ele é, em sua maioria, uma
fase intermediária. A substância astral se transforma rapidamente em
manifestação material e é facilmente manipulada pela mente.
Em termos de nosso ser humano, nosso
corpo mental corresponde à nossa consciência e penetra não só a nossa forma
astral, mas também a material. Quando observamos nosso corpo mental, sua forma
e cor refletem nosso estado mental. Ele toma uma forma similar a nossas
dimensões físicas apenas quando espalhamos nossa consciência igualmente pelo
nosso corpo material.
Nosso corpo mental não sente o ambiente
ao nosso redor de uma maneira similar às percepções dos nossos sentidos
materiais. Os sentidos do corpo mental são apenas análogos aos sentidos
materiais. Por exemplo, existe um sentido mental que compartilha algumas das
características da visão física, mas a visão mental revela um universo muito
diferente daquele da visão física.
Nosso corpo astral corresponde a nosso
ser emocional ou personalidade e penetra nosso ser material. Quando observamos
nosso corpo astral, sua forma é muito similar ao nosso corpo físico e sua cor
reflete o estado de nossa personalidade e emoções.
Os sentidos do nosso corpo astral são
muito similares àqueles do nosso corpo físico, ainda que também similares aos do
nosso corpo mental. Os sentidos astrais mediam os sentidos dos corpos mental e material.
Uma boa forma de se saber a diferença
entre uma viagem astral e uma viagem mental é se medir o grau ao qual nossas
percepções do que existe ao nosso redor equivalem àquelas da percepção física
normal. Durante uma viagem astral, é possível sentir textura, calor e frio
etc., e ser capaz de ouvir sons, cheirar odores, e provar sabores. Durante uma
jornada mental, porém, não existirão sensações parecidas com as físicas.
Nosso corpo físico é temporário. Ele
vive por certa quantidade de tempo e então se dissolve de volta no universo e
seus constituintes se dispersam. Nosso corpo astral também é temporário, mesmo
que de duração mais longa do que o nosso corpo material. Com o tempo, ele
também se dissolve. Apenas o nosso corpo mental, ou espírito, é eterno. Ele
descende em uma longa sucessão de formas temporárias astrais e mentais, mas não
se dissolve.
Os três corpos do ser humano servem
como uma analogia útil para se compreender a interação dos três reinos
correspondentes. Uma das vantagens do sistema de Bardon é que ele relaciona
diretamente os três reinos aos três corpos do estudante. Dessa maneira, o
aspirante aprende a ter uma experiência de cada reino, primeiro sentindo o seu
impacto em sua experiência pessoal. O caminho leva do intimamente pessoal ao
universal.
RELIGIÃO
A questão da religião é frequentemente
difícil para o estudante iniciante. Encara-se a decisão de como se combinar o
ponto de vista religioso (se o estudante tiver uma religião à qual ele/ela
adere) com o ponto de vista da magia. Cada estudante deve, é claro, descobrir
isso por si mesmo.
O único conselho que posso oferecer é
que você mantenha uma mente aberta. Em verdade, a magia pode coincidir com
qualquer religião. A magia tem, certamente, tomado muitas formas com o passar das
eras e pode ser encontrada dentro de cada religião conhecida pela humanidade,
se o indivíduo olhar com olhos educados nos rudimentos da magia.
Para o mago, a parte mais importante da
religião é a sensação de devoção que ela instila no praticante. A devoção,
especialmente do modo com o qual ela se manifesta através do ato de adoração, é
uma força muito poderosa que o mago pode empregar em seu processo de ascensão
espiritual.
ASCETICISMO E
SEXUALIDADE
Bardon é muito claro sobre o que ele
quer dizer sobre asceticismo. Basicamente, ele está falando de autodisciplina e
autocontrole. Ele sempre recomenda uma abordagem equilibrada que não se
dispersa em extremismos de qualquer espécie. No entanto, a questão sobre a
abstenção de todas as formas de sexo frequentemente surge.
Embora muitos sistemas diferentes
aconselham a abstinência do sexo como um modo de se alcançar a pureza ou de se
aumentar a força de vontade etc., esse não é o caso com o sistema de Bardon.
Para o mago, é evidente que uma abstinência total de algo tão inerente e natural à fisiologia humana, como o
sexo, é uma forma de extremismo que produz pouco mais do que o desequilíbrio.
Podem existir ocasiões na vida do mago quando uma abstinência temporária da
prática sexual é produtiva, mas isso é raro e apenas para tarefas muito específicas.
Em geral, uma sexualidade saudável é
uma parte vital ao se levar uma vida saudável e bem equilibrada. Não apenas é
uma função essencial do corpo, mas também uma parte essencial do bem-estar
emocional do indivíduo.
Muitos magos homens praticam o que é
chamado de “retenção do esperma” e declaram que isso é benéfico em muitos
níveis. Essa é uma técnica simples de se colocar pressão nos tubos que carregam
o sêmen, o que, consequentemente, evita a ejaculação. Isso normalmente não
afeta de forma prejudicial o orgasmo masculino e, de fato, frequentemente eleva
o efeito energético que o orgasmo tem sobre o corpo masculino.
Há vários anos atrás, um colega me
disse que a homossexualidade se deve a um desequilíbrio do Elemento Água e que
era algo que o mago deveria superar. Depois de alguma discussão, tornou-se
claro que os sentimentos dele sobre a homossexualidade não tinham nada a ver
com a magia, per se. O preconceito dele era devido à sua criação e aos
seus princípios morais e não era verdadeiramente fundamentada na filosofia dos
Elementos.
Na verdade, esse aspecto da sexualidade
não tem nada a ver com o equilíbrio dos elementos. A homo-, bi- e
heterossexualidade são todas naturais e nenhuma não é mais ou menos saudável
que a outra. Eu espero que nenhum estudante tema que a sua sexualidade
específica os incapacitem de seguirem um caminho mágico.
As únicas partes importantes da
sexualidade que afetam o crescimento espiritual e o avanço na magia são os seus
próprios sentimentos sobre a sua própria orientação sexual e como os outros com
os quais se está tendo um relacionamento sexual são tratados. Em outras
palavras, são os aspectos emocional e moral da sexualidade – aquelas partes que
o mago pode mudar e melhorar – que são de importância para a ascensão
espiritual.
Voltando ao tópico principal; outras
formas de asceticismo, como inanição, autoflagelação, autoprivação, e por aí
vai, não são aconselháveis. Essas práticas apenas produzem o desequilíbrio. O equilíbrio
é alcançado através de moderação e de controle disciplinado, e esse é o caminho
recomendado por Franz Bardon.
O TEMPO
O tempo não é um assunto que Bardon
discutiu na seção de “Teoria” de CVA. Mesmo assim, eu acredito que é de tal
importância ao estudante da magia que eu decidi dizer algumas palavras sobre
ele aqui.
É difícil separar a realidade objetiva
do tempo de nossa percepção subjetiva e humana dele. Ambas são de importância
para o mago.
Sendo seres humanos materiais,
vivenciamos o tempo como algo que se alarga para trás e à frente de nós. Para
nós, o tempo ou parece se mover à frente, ou nós parecemos nos mover adiante
através do tempo. De qualquer maneira, percebemos o tempo como tendo um
movimento de avanço.
Para manter registro desse avanço,
construímos métodos elaborados de medição da passagem do tempo. Dividimos o
tempo em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos etc.
No momento em que estou escrevendo
isto, são 13:10, Pacific Standard Time, no dia 3 de março de 2001.
Esse fato tem relevância para a minha existência mundana porque me ajuda a me
colocar em contexto quanto a minha rotina, mas, como um mago, ele tem pouca
relevância pra mim.
Na magia, existe apenas um aspecto do
tempo que tem verdadeira relevância, e esse é o momento presente ou o agora. As
exceções a isso são quando o mago precisa separar uma duração para certo ato
mágico (como quando se mantém uma cura mágica efetiva até o paciente melhorar)
ou quando se alinha certo ritual com eventos astrológicos favoráveis etc.
A essência do tempo é a mudança
sequencial. O número de mudanças que ocorrem dentro de cada momento é,
verdadeiramente, infinito. Não existe estase – não existe um momento em que as
mudanças cessam e tudo permanece o mesmo. Esse é o ponto crucial do que
diferencia a nossa percepção subjetiva
do tempo da realidade objetiva do
tempo.
Como seres humanos materiais, não somos
capazes de perceber o número infinito de mudanças que ocorre a cada momento.
Tudo que podemos fazer é nos apercebermos de uma pequena quantidade de mudanças
em um momento. Os mecanismos da percepção humana são tais que tiramos o
equivalente a uma fotografia do momento presente – alterando-a para uma figura
estática, imutável dos eventos – e então decodificamos a sua significância para
nós. Isso acontece muito rapidamente e desenvolvemos uma cadeia dessas imagens
de ação imóvel, e desse processo obtemos a impressão de movimento para frente
similar àquele derivado de quando assistimos a um filme feito de 24 imagens estáticas
por segundo.
Isso tem o efeito de colocar-nos sempre
ligeiramente fora da sincronia temporal e emocional com o tempo real ou tempo
objetivo. No tempo objetivo, existe apenas uma parte – o momento presente ou o
agora. Objetivamente, o Agora é eterno e num estado de mudanças que nunca
cessa. Ele não tem movimento – ele apenas É.
O presente momento tem três
componentes: 1) Mudança Infinita, 2) Continuidade Infinita. Isso é o que torna
um momento tão similar ao que o precede e ao que o segue. 3) “Agorismo”. Essa é
a sensação de imediatismo inerente à nossa experiência do momento presente.
Processado pelo cérebro humano, o
momento presente infinito é sentido como uma sequência de momentos finitos.
Dessa forma, sentimos que existem momentos passados, momentos presentes e
momentos futuros. Mas o mago deveria compreender claramente que, ao nível
físico de nossa existência, o passado é apenas uma função da memória, e o
futuro é apenas uma função de nossa imaginação criativa. Nem o passado nem o
futuro podem ser descritos, verdadeiramente, como existentes no presente.
Em aparente contradição a isso, falamos
de uma eternidade que engloba o todo da passagem do tempo e nos preocupamos com
minúcias sobre se temos ou não livre arbítrio. Digo a você que não existe
contradição, ou melhor, as contradições coexistem de modo bastante confortável.
Enquanto o presente momento é tudo que verdadeiramente existe dentro do reino
físico, onde o tempo se envolve tão intimamente com o espaço, nas partes mais
efêmeras do reino não físico, onde reina a eternidade, todo o tempo (passado,
presente e futuro, igualmente) existe simultaneamente e inteiramente.
O tempo é multidimensionalmente
infinito. Quando se vivencia a eternidade, a inteira infinidade
multidimensional do tempo é percebida como um Agora unificado. Dessa
perspectiva, o problema do livre arbítrio é irrelevante devido ao fato de que a
infinidade implica a existência de opções suficientes para acomodar o número
infinito de caminhos disponíveis que se pode escolher percorrer. Em outras
palavras, é necessário o livre arbítrio para criar e seguir o número infinito
de escolhas que preenche a eternidade. Do ponto de vista mágico, essa é a
verdade essencial por trás de muitas das teorias dos físicos sobre a ideia de
que existe um número infinito de universos seguindo um número infinito de
linhas temporais. A eternidade não é preenchida com possibilidade infinita; em
vez disso, é preenchida com infinita realidade. Em outras palavras, todas as
possibilidades são realizadas – se elas não o fossem, então a eternidade não
seria verdadeiramente infinita.
O que nos impede de constantemente
percebermos a eternidade através de nossa consciência normal é o fato de que,
como seres humanos, somos intimamente presos à sequência. Em todos os aspectos,
uma coisa se segue à outra. Uma ideia leva a outra, um efeito acompanha uma
ação etc. Conceber a eternidade (ou qualquer infinidade em seu inteiro) requer
que se remova o seu ser para uma perspectiva não sequencial. Essa perspectiva é
tão estranha à nossa existência do dia-a-dia que raramente consideramos as suas
implicações, o que se diga de sua possibilidade.
O reino material é governado pelo
espaço e pelo tempo. Devo dizer, porém, que é difícil separar o espaço do
tempo, porque, sem o fator do tempo, o espaço não existiria.
O reino astral é a mediação entre o
reino material densamente sequencial e o aspecto não sequencial do reino
mental. Assim, o reino astral não é completamente preso à substância, e, por
essa razão, diz-se que o espaço não impera no astral. Isso é apenas
parcialmente verdadeiro. Para o mago, isso é especialmente verdadeiro ao que se
diz respeito à viagem astral e à comunicação astral com outros seres. Em outras
palavras, o mago bem treinado pode viajar para qualquer espaço físico através
do reino astral e comunicar-se com outro ser, não importando de onde,
espacialmente, ele possa residir. O tempo (isto é, a sequência), porém, mantém
rédeas curtas sobre o reino astral e, para se verdadeiramente viajar pelo
tempo, o mago deve trabalhar dentro do reino mental.
O reino mental engloba não só o reino
da sequência (o tempo) e o reino não sequencial (eternidade). Dentro dos
alcances mais elevados do reino mental, não existe sequência e é como se
pisássemos fora do tempo, e víssemos coisas de uma perspectiva eterna. Nos cantos
inferiores do reino mental (aquele de pensamento sequencial e de matéria
física) o tempo é um fator. Apenas ao nível em que o reino mental apresenta uma
interseção com o reino físico o espaço se torna um fator, mas essa é uma
pequena parte do reino mental em geral e, dessa forma, podemos dizer que nem o
tempo nem o espaço restringe a substância mental.
O estudante da magia se beneficiará
muito ao analisar a natureza da percepção humana e do próprio tempo. Meditações
frequentes sobre esse assunto, experimentação e leitura da literatura
disponível melhorarão a compreensão do estudante.
E não se preocupe, existe muito tempo à
frente...
Cara adorei esse seu site! Estou agora no Grau I e consegui realmente entender o que devia ser feito! Muito bom! Continue publicando!!! ^^
ResponderExcluirQue bom que vc continua aperfeiçoando e publicando no site. Tem pessoas que só tem o teu auxílio quando a coisa "empaca"!
ResponderExcluirContinue na medida do possível. Forte abraço. Fabiano.
Um viado que nem o Rawn falar sobre sexualidade é no mínimo suspeito né.
ResponderExcluirObviamente para homossexual há uma inversão natural da fisiologia, usando tubo excretor para uso sexual, isso energeticamente não acaba bem, nenhuma iniciação sério nunca aceitou. Rebaixa muito o homem por contaminar o duplo etérico, não a toa até em tantrismo há o inferno anal, assim chamado o chakra correspondente.
Perversões morais não são o caminho do homem maduro e sim fruto de traumas psiquicos desta ou de outra vida, mas se o Rawn prefere ser complacente ok, mas não venha bancar o professor aqui.
Filipe. Eu sou heterosexual e cristão (mesmo porque não pode haver cristão homossexual, é óbvio!).
ExcluirMas não posso condenar o autor ao geena por causa da percepção dele.
Mesmo no caminho o iniado de qualquer grau estará sujeito à sua humanidade. NUNCA seremos iguais a Deus e,portanto, sempre veremos através da lente da nossa percepção.
Concordo com a questão da contaminação do duplo etéreo bem como com a subversão da criação de Deus, O Altíssimo, quando se pratica o homossexualismo.
Deus criou Adão e Eva, Ele não criou Adão e Adonis!(palavra revelada pelo Espírito Santo, alegoria do antigo testamento mas fundamentada na natureza do masculino e do feminino).
Vemos também o masculino e o feminino na alquimia, na Bíblia! É impossível que Moisés e Hermes Trimegistro tenham sido ambos enganados!
Mas temos que tratar tais assuntos com aqueles que vivem o homossexualismo com cortesia, caridade e compaixão!
Parem de tentar justificar o preconceito kkkkkkk não é inteligente, é tristemente engraçado
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirO debate sexual é no minimo fundamentalista, vindo de um cristão energumeno tudo bem, mas de um ocultista é apenas falta de estudo.
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